Sunday, 18 January 2009

Alfarrobeira (Ceratonia siliqua L)


Alfarrobeira
Ceratonia siliqua L




Família:
Cesalpiniáceas (Fabáceas)

Nomes vulgares:
Farinha-das-diarreias, fava-rica, figueira-do-egipto. Brasil: fruto-de-pitágoras.

Habitat e distribuição:
Árvore originária da zona mediterrânica oriental, vive em solos pobres e climas temperados quentes de toda a região mediterrânica. É planta subespontânea e cultivada no Algarve.

Partes utilizadas:
Polpa dos frutos, sementes e goma de alfarroba.

Constituintes:
A polpa, ou farinha de alfarroba, é rica em pectina e em glúcidos simples (20 a 30%), como glucose, sacarose, fructose, holósidos. Outros constituintes são: proteínas, gorduras, flavonóides, mucilagens (3%), taninos e sais minerais. As sementes, das quais se prepara a «goma», são ricas em glúcidos complexos como galactomananas (90%), e hemiceluloses.

Usos Etnomédicos e Médicos:
Polpa: diarreias, vómitos, gastrite gastroenterites, úlcera gastroduodenal, vómitos durante a gravidez. «Goma»: laxante e coadjuvante em tratamentos de obesidade, diabetes, hipercolesterolemia e consequente prevenção, da arteriosclerose.

Principais indicações:
Gastroenterites, vómitos, tosse emetilizante, doença celíaca e sprue. A «goma» no controlo do apetite.

Contra indicações:
Estenoses do tubo digestivo, oclusão intestinal.


Efeitos Secundários e Toxicidade:
Não são conhecidos.

Precauções:
Pode haver necessidade de reajustar as doses de insulina, nos doentes com diabetes mellitus. Também pode reduzir a absorção intestinal de medicamentos.

Preparação e Utilização:
Do fruto da alfarrobeira tudo pode ser aproveitado, embora a sua excelência esteja ainda ligada à semente, donde é extraída a goma, constituída por hidratos de carbono complexos (galactomananos), que têm uma elevada qualidade como espessante, estabilizante, emulsionante e múltiplas utilizações na indústria alimentar, farmacêutica, têxtil e cosmética.
Mas a semente representa apenas 10% da vagem e o que resta – a polpa - tem sido essencialmente utilizado na alimentação animal quando, devido ao seu sabor e características químicas e dietéticas, bem pode ser mais aplicado em apetecíveis e saborosas preparações culinárias.
A farinha de alfarroba é a fracção obtida pela trituração e posterior torrefacção da polpa da vagem. Contém, em média, 48-56% de açúcar (essencialmente sacarose, glucose, frutose e manose), 18% de fibra (celulose e hemicelulose), 0,2-0,6% de gordura, 4,5% de proteína e elevado teor de cálcio (352 mg/100 g) e de fósforo. Por outro lado, as características particulares dos seus taninos (compostos polifenólicos) levam a que a farinha de alfarroba seja muitas vezes utilizada como antidiarreico, principalmente em crianças.

Diarreia:
Farinha: 20-30g por dia dissolvidos num pouco de água ou leite mornos. Antes de utilizar a alfarrobeira para tratamento de diarreias em bebés, consulte o médico – a hidratação com um fluído altamente electrolítico é vital.

Vómitos:
Goma: para adultos, misture 1 colher de sopa de goma num copo de água. Bebe à noite. Para bebés, 1g de goma para cada 10cl de leite em cada biberão.

História:
A alfarroba (do árabe al karrub, a vagem), é o fruto da alfarrobeira (Ceratonia siliqua L.). As suas sementes foram usadas, no antigo Egipto, para a preparação de múmias; foram, aliás, encontrados vestígios das suas vagens em túmulos. A alfarrobeira terá sido trazida pelos gregos da Ásia Menor. Existem indícios de que os romanos mastigavam as suas vagens ainda verdes, muito apreciadas pelo seu sabor adocicado.

Como outras, a planta teria sido levada pelos árabes para o Norte de África, Espanha e Portugal. Trata-se, pois, de mais um elemento do património legado pelos árabes.

Curiosidades:
O nome alfarrobeira (”farrobeira”) deriva do vocábulo árabe al kharoubah que, noutros idiomas deu lugar a algarrobo, algarrobero (espanhol), carruba (italiano), caroube (francês), carob tree (inglês).

Não se conhece o tempo de vida útil de uma alfarrobeira. Em condições óptimas e sem recurso a técnicas de crescimento acelerado, a produção pode iniciar-se no 6º ano de vida da árvore e manter-se em expansão para além dos 70 anos. Winer (1980) admite que o estado adulto seja atingido por volta dos 70 anos, afirmando que a produção se mantém para além dos 150. Daí considerar-se a alfarrobeira como “a árvore que nunca morre”.

A semente da alfarrobeira foi, durante muito tempo, uma medida utilizada para pesar diamantes. A unidade quilate (carat) era o peso de uma semente de alfarroba. É uma das características únicas da semente da alfarroba, o seu peso é sempre igual.

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