Sunday 17 August 2008

Tomate: os poderes do tomate



Sabia que a cor vermelha do tomate é importante para a sua saúde? Pois é, o tomate é vermelho porque possui um fitonutriente, chamado licopeno, que lhe atribui essa cor. O licopeno é responsável por benefícios ao nível do organismo, nomeadamente, na prevenção das doenças cardiovasculares...

Quando somos crianças, as nossas mães não se cansam de dizer-nos para comermos frutas e vegetais, embora nunca expliquem o porquê. Quando crescemos mais um bocadinho, ficamos a pensar que é pelas vitaminas e outras substâncias do género que também não sabemos explicar lá muito bem.

O papel das frutas e dos vegetais na nossa saúde tem ganho importância nas últimas décadas e estudos que relacionam determinado alimento com determinada patologia revelam alguns dados interessantes...

De facto, este interesse nos benefícios dos alimentos para a saúde remonta ao pai da Medicina, Hipócrates, autor da célebre frase: «Faz da comida o teu remédio». Mas, falemos, então, do tomate.

Um estudo publicado no Journal of Nutrition sugere que crianças com uma dieta rica em tomate apresentam uma significativa redução na taxa de mortalidade.

Vários outros estudos indicam que o consumo de tomate traz benefícios para a saúde, principalmente no que diz respeito à prevenção das doenças cardiovasculares e do cancro.

Os estudos em questão analisam uma substância presente no tomate, designada por licopeno, que não é produzida pelo organismo, sendo apenas possível obtê-la através de fontes externas.

De acordo com a Dr.ª Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN), o licopeno é «um fitoquímico, ou fitonutriente, da família dos carotenóides, que confere a cor vermelha aos produtos de origem vegetal.

Os fitoquímicos ou fitonutrientes são químicos encontrados nos vegetais e que têm efeito benéfico na saúde.

Desta forma, eles diferem do que é tradicionalmente chamado de nutriente, já que não são necessários para o metabolismo normal e a sua ausência não irá resultar em problemas de saúde por deficiência.

Contudo, «diversos estudos actuais sustentam que muitas das doenças dos países industrializados são consequência da falta de fitonutrientes na dieta» explica, salientando:

«O que é matéria de consenso e que está acima de controvérsias é que os fitoquímicos têm muitas funções benéficas no organismo.»

«Por exemplo, eles podem melhorar o funcionamento do sistema imunológico, agir directamente contra bactérias e vírus, reduzir inflamação, ou estarem associados no tratamento e/ou prevenção de cancro, doenças cardiovasculares ou outras doen­ças, afectando a saúde ou o bem-estar do indivíduo.»

«Os estudos científicos têm vindo a demonstrar, também, o importante papel do licopeno na prevenção do cancro da próstata.»

Investigações realizadas pelo médico americano Michael Roizen mostram que 10 colheres de molho de tomate ingeridas semanalmente podem reduzir em 50% o risco de ocorrência de 11 tipos de cancro.

Deste modo, o licopeno está presente nos produtos de origem vegetal (frutas e legumes) de cor vermelha e, por isso, está presente em grande quantidade no tomate, podendo, também, ser encontrado na melancia e no morango, mas em menores quantidades.

«Quanto mais intensa for a cor vermelha do tomate, mais rico em licopeno é. Assim, podemos dizer que os tomates são, de longe, a fonte mais rica em licopeno» afirma Alexandra Bento.



Tomate: benefícios para o coração

Ao nível do mundo ocidental, as doen­ças cardiovasculares são reconhecidas como a maior causa de morbilidade e mortalidade.

Apesar de factores relacionados com a idade e a predisposição genética, a presença de hipertensão, de colesterol, de tabaco e de uma alimentação pouco saudável, associada à vida sedentária e à falta de exercício físico, contribuem em grande medida para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

É desta forma que os médicos apostam, acima de tudo, na prevenção. E se essa prevenção passa por controlar, através de terapêutica, a hipertensão e o colesterol, requer igualmente a adopção de hábitos de vida saudáveis, nomeadamente no que diz respeito à alimentação.

Deste modo, o tomate tem um papel importante no que diz respeito às doenças cardiovasculares, uma vez que o licopeno é «um poderoso antioxidante», capaz de minimizar os riscos de ataques cardíacos.

O licopeno impede a oxidação do mau colesterol, o LDL, que é responsável pela formação de placas de gordura no sangue e consequente ocorrência de enfartes do miocárdio e acidentes cardiovasculares.

«Os antioxidantes são substâncias encontradas em certos alimentos (até há poucos anos os antioxidantes mais conhecidos eram a vitaminas C e E) e têm como objectivo evitar o desencadeamento de reacções químicas no organismo.»

«Combatem os radicais livres que são substâncias nocivas para o organismo – causam danos nas células –, que levam ao envelhecimento precoce, ao surgimento de cancro e doenças cardiovasculares» afirma a presidente da APN.

«Além do licopeno, o tomate é também fonte de vitamina C e de potássio, mineral importante no controlo da pressão arterial, nas contracções musculares, na saúde das artérias e na manuten­ção dos líquidos celulares.»

Um estudo de Harvard indicou que a ingestão diária do tomate, ou seus derivados, pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares em 30%.

O estudo comparou mulheres que consumiam, por dia, sete ou mais alimentos cuja base era o tomate, com mulheres que só faziam uma ingestão de produto por semana. Ambos os grupos tinham, na altura, ausência de doença cardíaca e os factores de risco, acima referidos, encontravam-se controlados.

A investigação demonstrou uma relação entre o aumento do consumo de licopeno, através do tomate, na alimentação e a redução no risco de doenças cardiovasculares.

O que significa que, para o organismo obter a dose adequada de licopeno, deve-se aumentar a ingestão diá­ria do tomate, seja ele cru, cozinhado, em molho ou polpa.


Tomate: potenciar a absorção do licopeno pelo organismo

Por ser um carotenóide, o licopeno é mais bem absorvido na presença de gordura. Assim, a adição de uma dose moderada de gordura monoinsaturada (como o azeite) facilita o transporte, a absorção e a acção do licopeno no organismo.

Alexandra Bento sugere que, «para tornar a refeição com tomate ainda mais poderosa e saudável, devemos acrescentar um fio de azeite ao tomate, podendo ser consumido em sopa de tomate, caldeiradas ou numa simples salada» refere, acrescentando:

«Outra característica interessante é que o calor aumenta a biodisponibilidade do licopeno, ou seja, esse fitoquímico é mais bem absorvido pelo nosso organismo quando o tomate é cozido. Sendo assim, uma interessante forma de o comer é nos molhos e sopas de tomate.»

«Além disso, é importante mencionar que o processo de industrialização do tomate, para a elaboração de molhos prontos, ou outros preparados com tomate, não destrói o licopeno. Contudo, atenção na escolha, é melhor estar atento aos rótulos e escolher aqueles com menores valores de calorias e sódio.»

Tomate: a história do tomate

Oriundo da América Central e do Sul, desde o Peru até ao México, o tomate era inicialmente cultivado e consumido pelas civilizações Asteca e Inca.

Só mais tarde, no século XVI, é que foi introduzido na Europa pelas mãos de alguns exploradores. Ainda assim, os europeus acreditavam que o tomate era venenoso como as mandrágoras, sendo apenas utilizado para efeitos ornamentais.

No século XIX, na França, Espanha e Itália, o tomate passou a ser consumido e cultivado numa escala maior, tornando-se popular em muitas receitas, mas o grande impulso foi conhecido através dos italianos, pelo famoso molho de tomate, que se tornou no principal ingrediente, utilizado nas pizzas e em outras massas.

É também um dos principais ingredientes da dieta mediterrânica.

Tomate: na sua alimentação

O tomate é um alimento pouco calórico com excelentes propriedades nutricionais que pode ser largamente utilizado na culinária pela sua cor, melhorando a aparência dos pratos.

Além disso, e de acordo com a Dr.ª Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas, «quanto maior é a concentração de tomate numa receita, maior é o teor de licopeno e os benefícios por ele proporcionados».

«O licopeno possui maior aproveitamento quando combinado com uma pequena quantidade de gordura, preferencialmente do tipo monoinsaturada, como o azeite.»

«Esta relação de tomate com azeite resulta numa feliz combinação para o “coração” (leia-se doenças cardiovasculares)».

Alexandra Bento deixa aqui as suas sugestões:
sopas de tomate regadas com um fio de azeite;
caldeiradas com muita polpa de tomate;
arroz de tomate;
de vez em quando, uma saborosa compota de tomate;
…e tudo o mais que a imaginação (e já agora, a dieta mediterrânica) nos permita!

Tomate: quantidades de licopeno

Apresentação Quantidades
Sumo de tomate 4,6 mg
Polpa de tomate 7,9 mg
Tomate triturado 16,5 mg (maior quantidade de licopeno porque, para além da polpa, tem também a pele do tomate e, como se costuma dizer, «o melhor está na casca»)
Tomate pelado 4,36 mg
Concentrado de tomate 33,2 mg (maior concentração de licopeno porque foi-lhe retirada a água)
Ketchup 8,8 mg
Sopa de tomate 7,2 mg


(A responsabilidade científica desta informação é da Medicina e Saúde)

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