Sunday, 16 August 2009

Remédios naturais contra a impotência sexual masculina


Fonte: Díário de Notícias - Ciência - 16-08-2009
Por Catarina Cristão
Disfunção eréctil

Médicos garantem que o chá e cápsulas de pau de Cabinda e ioimbina funcionam, de facto, como estimulantes sexuais e ajudam a conseguir uma erecção mais prolongada. Já os restantes produtos naturais do mercado funcionam apenas enquanto efeito placebo. Homeopatas acreditam na eficácia dos medicamentos, mas quando conjugados com outros produtos
O famoso pau de Cabinda, assim como a ioimbina, os dois originários de plantas africanas e utilizados desde há séculos para melhorar a performance sexual, são os únicos produtos naturais que têm alguns efeitos para combater a disfunção eréctil. Uma convicção dos clínicos de medicina convencional, que dos vários produtos disponíveis nas prateleiras das lojas de produtos naturais garantem apenas conhecer estudos científicos com resultados comprovados para aquelas duas substâncias. Os restantes, dizem, têm apenas efeito placebo (resulta pela crença de que vai ter efeitos).
André é mais um rosto anónimo de uma doença que atinge cerca de 400 mil portugueses. Aos 62 anos deixou de ter satisfação sexual ao mesmo tempo que começou a ter dificuldades em manter uma erecção. Decidiu recorrer ao pau de Cabinda, a conselho de um amigo. "Estava receoso de ter perdido a minha potência sexual", lembra André. "Desde que comecei a tomar o chá do pau de Cabinda, há cerca de dois anos, senti-me sexualmente mais activo, quase como quando era mais novo", garante.
"O pau de Cabinda e produtos semelhantes, classificados como afrodisíacos, são regularmente receitados pelos homeopatas para ajudar na disfunção eréctil", confirma Orlando Valladares dos Santos, presidente da AMENA (Associação de Medicina Natural e Bioterapêutica), acrescentando: "Mas a sua toma deve ser feita num quadro terapêutico devidamente estruturado e numa dinâmica de ajuda, mas não nego que nunca num quadro de solução miraculosa."
A mesma constatação é feita pelos médicos da medicina convencional. O pau de Cabinda tem efeitos positivos "em casos menos graves, embora tudo o que ajude a ganhar auto-confiança é bastante útil", alega José Pereira da Silva, especialista em Saúde Sexual.
A iIoimbina também "é um extracto da planta usado com frequência do ponto de vista terapêutico, com algum efeito comprovado como estimulante sexual", atesta o médico José Barata, autor do livro Terapêuticas Alternativas de Origem Botânica - Efeitos Adversos e Interacções Medicamentosas, acrescentando: "Mas a sua toma deve ser controlada porque tem efeitos secundários graves". Segundo o médico do Hospital Garcia da Orta, em Almada, estão descritos casos de hipertensão arterial e de fenómeno de Raynaud (alteração da coloração da pele nas extremidades dos dedos).
"As pessoas tomam estes produtos da medicina alternativa em doses excessivas, como o chá de Pau de Cabinda, para terem um efeito imediato, e esquecem-se dos efeitos secundários", continua o sexólogo Nuno Monteiro Pereira, da Clínica do Homem e da Mulher.
Os especialistas são unânimes a dizer que, embora haja medicamentos naturais com resultados comprovados, na maioria dos casos o que actua é o efeito placebo.
"Cerca de 35 por cento dos homens que tomam estes produtos sentem melhoras por sugestão, porque pensam que realmente vão melhorar", garante Monteiro Pereira, acrescentando: "A maioria desses medicamentos que se vendem são autênticas burlas. Não têm moléculas activas, mas acabam por ser eficazes pelo efeito psicológico que provocam".
"Os produtos naturais são úteis, mas não tanto como dizem", indica, por sua vez, Pereira da Silva. E José Barata dá exemplos: "O dente de tigre e o pó de cantárida (concebido à base de insectos com o mesmo nome) são lendas puras".
O homeopata Orlando Valladares assegura algumas melhoras com os produtos naturais, mas não promete curas. "Acredito que num quadro de pujança sexual os produtos da 'moda' servirão mais como um incremento do que como uma solução", conclui, referindo ainda que haverá sempre a necessidade de fazer um diagnóstico caso a caso. Isto porque, diz, em certos casos, o problema só será tratado com uma interacção medicamentosa para curar patologias como as prostatites e hipertrofias, habitualmente associadas à disfunção eréctil.

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