A verdade é que falamos muito sobre os procedimentos á grávida, mas e ao bebé depois de nascer?
Vocês sabem o que fizeram (ou vão fazer) ao vosso bebé?
Informem-se pois cada maternidade tem o seu protocolo....
O que fazem aos bebés nas maternidades - revista Pais&Filhos
Texto: Elsa Páscoa
23 Janeiro 2009
«Num parto normal, logo que o bebé é expulso é envolvido numa toalha aquecida e colocado em cima do abdómen na mãe. Nesse momento é feita a expressão das vias aéreas e a clampagem do cordão umbilical», diz Nélia Alves, enfermeira graduada da maternidade do Hospital de D. Estefânia.
«Em seguida, é explicado aos pais que o bebé vai ter de ir para a mesa, sob uma fonte de calor, para não arrefecer e lhe serem prestados os cuidados iniciais». É aqui que surge a primeira clivagem nos procedimentos. Grande parte do pessoal médico e de enfermagem defende que é imprescindível manter o bebé aquecido com recurso a fontes externas. O pediatra e pedopsiquiatra Diudonné Volker tem outra opinião. «Se o bebé nasceu bem e se a mulher também se encontra bem, não há motivo para que não permaneça os minutos que sejam precisos em cima da barriga dela, evidentemente com o corpo resguardado, mas beneficiando da melhor fonte de calor que existe: a mãe.» Momentos «irrecuperáveis que vão ser determinantes para a vinculação precocíssima entre mãe e filho, que tantos efeitos terá nos tempos seguintes. A mulher precisa de começar essa ligação e é também uma grande ajuda para o bebé, cujo ambiente físico e psicológico é completamente transformado em poucos segundos, com todo o stresse que isso acarreta», advoga o médico alemão, que presta serviço no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
O pediatra Mário Cordeiro partilha esta argumentação. «Após o parto, a natureza faz aumentar a temperatura do peito e dos braços da mãe. E isto acontece precisamente para garantir que ele não arrefece e que pode começar a conhecer quem é a sua mãe – e, preferencialmente também o pai. Quando, eventualmente, tiver de sair do colo dela, irá muito mais sossegado e deixará também o casal mais tranquilo», defende, acrescentando: «O essencial é que, nesses preciosos primeiros momentos, o bebé não seja ‘roubado’ aos pais, sob pretexto algum. Nenhum profissional de saúde se deve outorgar o direito de querer aquela criança. Ela pertence aos pais e os pais pertencem-lhe a ela!».
Mas existem procedimentos essenciais que são possíveis de realizar, quer o bebé esteja junto dos pais, numa mesa aquecida na sala de partos – como acontece no D. Estefânia –, ou numa sala diferente daquela onde ocorreu o nascimento. É o caso do teste de Apgar (ver caixa), imprescindível para avaliar de forma rápida e eficaz o estado da criança que acaba de nascer. Determinar o sexo, nos casos em que ainda é desconhecido, e a observação de eventuais grandes malformações e uma primeira auscultação ao coração e pulmões são também intervenções que não dependem de nenhum posicionamento específico. «Há que ter paciência para esperar e dar tempo à família. Tal não significa que não se procure fazer uma primeira avaliação, nem que seja à distância, e manter um olhar vigilante sobre a forma como o bebé se está a comportar», diz Diudonné Volker.
ASPIRAR OU DEIXAR CHORAR
As formas de proceder voltam a multiplicar-se quando chega o momento de avaliar outros parâmetros do recém-nascido. Existem enfermeiros e pediatras que, por norma, realizam a aspiração e a sondagem gástrica (ver caixa) a todos os bebés. Outros avaliam o choro e a respiração e só depois optam pelos dois, por um ou por nenhum dos procedimentos. «É uma decisão que cabe ao profissional de saúde e depende de muitos factores, entre os quais a formação de base, as convicções técnicas e a experiência», afirma Nélia Alves. Por exemplo, Diudonné Volker não é adepto da aspiração em todos os casos - «existe um sistema de auto-limpeza das vias áereas que é muito eficaz na maioria das vezes», afirma – mas considera essencial garantir que não existe «uma malformação que impeça a comunicação entre a boca e o estômago», o que é realizado por sondagem.
Aspirados ou não, sondados ou não, todos os bebés que nascem no hospital ou na maternidade são, nos minutos que se sucedem ao parto, limpos do líquido amniótico e/ou do mecónio, através de lençóis e toalhas aquecidos, soro fisiológico ou água. Se existe risco de transmissão de doenças infecciosas, o recém-nascido é lavado antes de lhe serem ministradas gotas nos olhos (ver caixa) e vitamina K. É aqui que Mário Cordeiro ressalva: «Os pais deveriam ser sempre informados sobre o que está a acontecer e ser-lhes pedida autorização para ministrar a vitamina e o colírio, não sendo confrontados com o facto consumado».
Antes de pesar, identificar e vestir o recém-nascido, o pediatra é chamado a realizar uma observação mais pormenorizada. O médico avalia o estado do sistema nervoso, explorando os reflexos do bebé; a configuração do abdómen e o posicionamento dos órgãos internos; a flexibilidade e a mobilidade dos membros; os órgãos genitais e a região anal. «Se houver necessidade de proceder a uma acção clínica imediata, como é o caso de cirurgias correctivas ou de emergência, os momentos que se seguem à limpeza do bebé são os ideais para o pediatra tomar uma decisão que pode fazer toda a diferença», afirma o pediatra Frederico Leal, que há mais de duas décadas e meia presta serviço no D. Estefânia.Segue-se a identificação do recém-nascido, realizada através de uma pulseira de plástico, de cor rosa ou azul e – nas instituições que já possuem o sistema – a colocação de uma pulseira electrónica anti-rapto num dos tornozelos. A azáfama começa a acalmar na altura da refeição inicial do bebé e aí todos os profissionais contactados pela PAIS& Filhos concordam: a agenda perfeita dos primeiros minutos culmina na mama da mãe.
A classificação de «Hospital Amigo dos Bebés» - à qual o D. Estefânia está neste momento em processo de candidatura – determina que, entre os primeiros 30 minutos e a hora de vida, seja feita uma tentativa de amamentar o recém-nascido, cabendo aos técnicos o papel de acompanhantes, formadores e incentivadores do processo. «Tal só não acontece quando a mãe está mesmo impossibilitada de o fazer, ou quando se mostra irredutível na recusa em dar de mamar. O suplemento é dado apenas em último caso, quando não existe nenhuma outra alternativa, e abandonado logo que possível», garante Nélia Alves.
Glossário
Aspiração e sondagem – Através de uma sonda, são aspiradas as mucosidades e outras substâncias da boca, nariz e garganta do bebé. Nem todos os profissionais de saúde consideram essencial esta operação, em especial nos casos em que o recém-nascido apresenta sinais fortes de que está a respirar bem. O mesmo se passa com a sondagem desde a boca até ao estômago. Há quem defenda que só assim se confirma que não existem mal-formações e que o bebé está em condições de começar a mamar. Na outra fase da moeda estão os que entendem que é preferível não sondar e só o fazer se surgirem sinais de que algo não está bem.
Clampagem ou corte do cordão umbilical – É feita com duas pinças cirúrgicas. Uma é colocada a poucos centímetros do corpo do bebé e outra um pouco mais afastada. O corte é feito entre as duas. Por norma, não se espera que o cordão deixe de pulsar para realizar o corte, mas a Organização Mundial de Saúde defende este compasso de espera, pelos benefícios a nível da oxigenação do sangue do bebé e o aumento das reservas de ferro.
Expressão das vias aéreas – É uma manobra realizada por quem recebe o bebé, que consiste em passar a mão, suavemente, do tórax à boca do recém-nascido, removendo os resíduos que possam estar a dificultar a respiração. Para alguns profissionais, esta é a única manobra que deve ser feita em bebés que respiram regularmente.
Gotas nos olhos – É administrado ao bebé um colírio, denominado clorofenicol, que se destina a prevenir eventuais infecções oculares causadas por microrganismos presentes no canal de parto. Nos casos mais graves, essas infecções podem levar à cegueira. Porém, alguns pediatras questionam a necessidade deste procedimento nos casos em que a mãe não seja portadora de doenças infecto-contagiosas.
Teste de Apgar – Foi desenvolvido pela pediatra norte-americana Virginia Apgar e é o método de avaliação global da vitalidade do recém-nascido, baseado na pesquisa dos sinais clínicos mais característicos e fáceis de detectar. Testa cinco parâmetros: frequência cardíaca, respiração, tónus muscular, reflexos e cor da pele. Cada parâmetro pode variar do 0 ao 2, sendo que 10 é o melhor resultado possível. O teste é realizado ao 1.º e 5.º minutos de vida – na esmagadora maioria dos casos – e ao 10.º minuto, nas situações em que o bem-estar do bebé apresente dúvidas.
Vitamina K – Na primeira semana, o organismo do recém-nascido não produz esta substância vitamínica, necessária à coagulação do sangue. Assim, para prevenir hemorragias – nomeadamente relacionadas com o coto umbilical e o umbigo – é ministrada uma dose por injecção intramuscular. Ne entanto, existem países onde esta administração é feita de forma oral. "
Para ver e pensar...
http://www.youtube.com/watch?v=uTOffUVOlVo&feature=player_embedded
Fonte:
" Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer"
O que fazem aos bebés nas maternidades - revista Pais&Filhos
Texto: Elsa Páscoa
23 Janeiro 2009
«Num parto normal, logo que o bebé é expulso é envolvido numa toalha aquecida e colocado em cima do abdómen na mãe. Nesse momento é feita a expressão das vias aéreas e a clampagem do cordão umbilical», diz Nélia Alves, enfermeira graduada da maternidade do Hospital de D. Estefânia.
«Em seguida, é explicado aos pais que o bebé vai ter de ir para a mesa, sob uma fonte de calor, para não arrefecer e lhe serem prestados os cuidados iniciais». É aqui que surge a primeira clivagem nos procedimentos. Grande parte do pessoal médico e de enfermagem defende que é imprescindível manter o bebé aquecido com recurso a fontes externas. O pediatra e pedopsiquiatra Diudonné Volker tem outra opinião. «Se o bebé nasceu bem e se a mulher também se encontra bem, não há motivo para que não permaneça os minutos que sejam precisos em cima da barriga dela, evidentemente com o corpo resguardado, mas beneficiando da melhor fonte de calor que existe: a mãe.» Momentos «irrecuperáveis que vão ser determinantes para a vinculação precocíssima entre mãe e filho, que tantos efeitos terá nos tempos seguintes. A mulher precisa de começar essa ligação e é também uma grande ajuda para o bebé, cujo ambiente físico e psicológico é completamente transformado em poucos segundos, com todo o stresse que isso acarreta», advoga o médico alemão, que presta serviço no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
O pediatra Mário Cordeiro partilha esta argumentação. «Após o parto, a natureza faz aumentar a temperatura do peito e dos braços da mãe. E isto acontece precisamente para garantir que ele não arrefece e que pode começar a conhecer quem é a sua mãe – e, preferencialmente também o pai. Quando, eventualmente, tiver de sair do colo dela, irá muito mais sossegado e deixará também o casal mais tranquilo», defende, acrescentando: «O essencial é que, nesses preciosos primeiros momentos, o bebé não seja ‘roubado’ aos pais, sob pretexto algum. Nenhum profissional de saúde se deve outorgar o direito de querer aquela criança. Ela pertence aos pais e os pais pertencem-lhe a ela!».
Mas existem procedimentos essenciais que são possíveis de realizar, quer o bebé esteja junto dos pais, numa mesa aquecida na sala de partos – como acontece no D. Estefânia –, ou numa sala diferente daquela onde ocorreu o nascimento. É o caso do teste de Apgar (ver caixa), imprescindível para avaliar de forma rápida e eficaz o estado da criança que acaba de nascer. Determinar o sexo, nos casos em que ainda é desconhecido, e a observação de eventuais grandes malformações e uma primeira auscultação ao coração e pulmões são também intervenções que não dependem de nenhum posicionamento específico. «Há que ter paciência para esperar e dar tempo à família. Tal não significa que não se procure fazer uma primeira avaliação, nem que seja à distância, e manter um olhar vigilante sobre a forma como o bebé se está a comportar», diz Diudonné Volker.
ASPIRAR OU DEIXAR CHORAR
As formas de proceder voltam a multiplicar-se quando chega o momento de avaliar outros parâmetros do recém-nascido. Existem enfermeiros e pediatras que, por norma, realizam a aspiração e a sondagem gástrica (ver caixa) a todos os bebés. Outros avaliam o choro e a respiração e só depois optam pelos dois, por um ou por nenhum dos procedimentos. «É uma decisão que cabe ao profissional de saúde e depende de muitos factores, entre os quais a formação de base, as convicções técnicas e a experiência», afirma Nélia Alves. Por exemplo, Diudonné Volker não é adepto da aspiração em todos os casos - «existe um sistema de auto-limpeza das vias áereas que é muito eficaz na maioria das vezes», afirma – mas considera essencial garantir que não existe «uma malformação que impeça a comunicação entre a boca e o estômago», o que é realizado por sondagem.
Aspirados ou não, sondados ou não, todos os bebés que nascem no hospital ou na maternidade são, nos minutos que se sucedem ao parto, limpos do líquido amniótico e/ou do mecónio, através de lençóis e toalhas aquecidos, soro fisiológico ou água. Se existe risco de transmissão de doenças infecciosas, o recém-nascido é lavado antes de lhe serem ministradas gotas nos olhos (ver caixa) e vitamina K. É aqui que Mário Cordeiro ressalva: «Os pais deveriam ser sempre informados sobre o que está a acontecer e ser-lhes pedida autorização para ministrar a vitamina e o colírio, não sendo confrontados com o facto consumado».
Antes de pesar, identificar e vestir o recém-nascido, o pediatra é chamado a realizar uma observação mais pormenorizada. O médico avalia o estado do sistema nervoso, explorando os reflexos do bebé; a configuração do abdómen e o posicionamento dos órgãos internos; a flexibilidade e a mobilidade dos membros; os órgãos genitais e a região anal. «Se houver necessidade de proceder a uma acção clínica imediata, como é o caso de cirurgias correctivas ou de emergência, os momentos que se seguem à limpeza do bebé são os ideais para o pediatra tomar uma decisão que pode fazer toda a diferença», afirma o pediatra Frederico Leal, que há mais de duas décadas e meia presta serviço no D. Estefânia.Segue-se a identificação do recém-nascido, realizada através de uma pulseira de plástico, de cor rosa ou azul e – nas instituições que já possuem o sistema – a colocação de uma pulseira electrónica anti-rapto num dos tornozelos. A azáfama começa a acalmar na altura da refeição inicial do bebé e aí todos os profissionais contactados pela PAIS& Filhos concordam: a agenda perfeita dos primeiros minutos culmina na mama da mãe.
A classificação de «Hospital Amigo dos Bebés» - à qual o D. Estefânia está neste momento em processo de candidatura – determina que, entre os primeiros 30 minutos e a hora de vida, seja feita uma tentativa de amamentar o recém-nascido, cabendo aos técnicos o papel de acompanhantes, formadores e incentivadores do processo. «Tal só não acontece quando a mãe está mesmo impossibilitada de o fazer, ou quando se mostra irredutível na recusa em dar de mamar. O suplemento é dado apenas em último caso, quando não existe nenhuma outra alternativa, e abandonado logo que possível», garante Nélia Alves.
Glossário
Aspiração e sondagem – Através de uma sonda, são aspiradas as mucosidades e outras substâncias da boca, nariz e garganta do bebé. Nem todos os profissionais de saúde consideram essencial esta operação, em especial nos casos em que o recém-nascido apresenta sinais fortes de que está a respirar bem. O mesmo se passa com a sondagem desde a boca até ao estômago. Há quem defenda que só assim se confirma que não existem mal-formações e que o bebé está em condições de começar a mamar. Na outra fase da moeda estão os que entendem que é preferível não sondar e só o fazer se surgirem sinais de que algo não está bem.
Clampagem ou corte do cordão umbilical – É feita com duas pinças cirúrgicas. Uma é colocada a poucos centímetros do corpo do bebé e outra um pouco mais afastada. O corte é feito entre as duas. Por norma, não se espera que o cordão deixe de pulsar para realizar o corte, mas a Organização Mundial de Saúde defende este compasso de espera, pelos benefícios a nível da oxigenação do sangue do bebé e o aumento das reservas de ferro.
Expressão das vias aéreas – É uma manobra realizada por quem recebe o bebé, que consiste em passar a mão, suavemente, do tórax à boca do recém-nascido, removendo os resíduos que possam estar a dificultar a respiração. Para alguns profissionais, esta é a única manobra que deve ser feita em bebés que respiram regularmente.
Gotas nos olhos – É administrado ao bebé um colírio, denominado clorofenicol, que se destina a prevenir eventuais infecções oculares causadas por microrganismos presentes no canal de parto. Nos casos mais graves, essas infecções podem levar à cegueira. Porém, alguns pediatras questionam a necessidade deste procedimento nos casos em que a mãe não seja portadora de doenças infecto-contagiosas.
Teste de Apgar – Foi desenvolvido pela pediatra norte-americana Virginia Apgar e é o método de avaliação global da vitalidade do recém-nascido, baseado na pesquisa dos sinais clínicos mais característicos e fáceis de detectar. Testa cinco parâmetros: frequência cardíaca, respiração, tónus muscular, reflexos e cor da pele. Cada parâmetro pode variar do 0 ao 2, sendo que 10 é o melhor resultado possível. O teste é realizado ao 1.º e 5.º minutos de vida – na esmagadora maioria dos casos – e ao 10.º minuto, nas situações em que o bem-estar do bebé apresente dúvidas.
Vitamina K – Na primeira semana, o organismo do recém-nascido não produz esta substância vitamínica, necessária à coagulação do sangue. Assim, para prevenir hemorragias – nomeadamente relacionadas com o coto umbilical e o umbigo – é ministrada uma dose por injecção intramuscular. Ne entanto, existem países onde esta administração é feita de forma oral. "
Para ver e pensar...
http://www.youtube.com/watch?v=uTOffUVOlVo&feature=player_embedded
Fonte:
" Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer"
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