Sunday, 5 October 2008

Medicina Chinesa e os Alimentos



As origens da Medicina Tradicional Chinesa datam do período dos imperadores chineses: Fu Xi, Sheng Nong e Huang-Di, há cerca de 5000 anos. Os métodos terapêuticos utilizados abrangem a acupunctura, a fitoterapia, tuina (massagem terapêutica chinesa), qigong (chi kung) e tai chi chuan (práticas energéticas), psicoterapia e dietética (Terapia Alimentar). Atribuiu-se a Fu Xi a descoberta dos alimentos e dos oito trigramas do Pakua, base do I Ching; a Shen Nong o estudo da Fitoterapia, e a Huang-Di, o Imperador Amarelo, é atribuída a base do livro mais fundamental da medicina chinesa, o Huang Di Nei Jing (Tratado de Medicina interna).
Neste artigo fazemos uma análise geral da importância dos alimentos na medicina chinesa.


Teoria da Polaridade Universal
Amplamente divulgada no Ocidente a partir das décadas de 60 e 70, o YIN YANG ou Teoria da Polaridade Universal, é muito mais que símbolo de uma geração ocidental, representa uma visão de mundo complexa e organizada dos antigos povos chineses. Sua concepção vem do Taoísmo, filosofia chinesa do século VII A.C. . Como o próprio nome sugere, o Taoísmo tem como princípio básico o Tao, força fundamental presente em todo o Universo e em tudo que nele existe – seres e fenómenos. O Tao é a unidade entre duas forças ou energias opostas que se complementam em um dinâmico e constante movimento em busca de equilíbrio, cuja representação é o Taichi ou TAIJITU (Yin Yang).

Outra característica essencial à Teoria da Polaridade Universal é a de que tudo no Universo está em constante movimento, (I Ching)-mutação. Tudo é Yin e Yang, nada é só Yin ou Yang. E tal como numa corrente eléctrica, a energia presente em todo o Universo e no Homem, não é perdida e, sim transferida e transformada. Excesso em Yin equivale à deficiência em Yang e vice-versa. Essa mobilidade ou dinâmica é fundamental para entendermos todo o processo da Energética Humana, o seu trajecto nos meridianos, isto é, os caminhos, os canais por onde circula a energia no corpo humano, nos órgãos, tecidos, ossos, etc. Essa é a base de actuação da Acupunctura, por exemplo.


Os Cinco Elementos Chineses

Além do YIN YANG, os chineses antigos perceberam, talvez através da observação dos fenómenos naturais e suas evoluções de acordo com as estações, que o mundo se organizava em torno de cinco elementos ligados ao tempo e espaço: MADEIRA, FOGO, TERRA, METAL E ÁGUA. A Teoria dos Cinco Elementos é de vital importância para se compreender a constituição dinâmica de absolutamente tudo que existe. A cada um desses cinco elementos estão associados um ponto cardeal ou direcção, uma estação, um sabor, uma cor, um órgão (que é Yin), uma víscera (Yang), um meridiano, uma emoção, entre outros.

As cinco formas de movimentos da energia da natureza são representados por Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água, que representam tudo o que existe no universo, ou seja, a interacção entre o micro e o macrocosmo. Portanto, esses cinco elementos estão intrinsecamente ligados à nossa personalidade e à nossa alimentação. Por essa óptica, o ambiente, nosso estado físico e emocional em relação ao mundo e a nossa personalidade vão influenciar no que desejaremos comer.

• Pessoas que têm predomínio da energia terra são mais racionais e gostam mais de sabor doce.
• Quem tem predominância da energia do metal gosta de sabores picantes como gengibre e alho.
• Quem tem predominância da energia da água gosta de alimentos salgados.
• Quem tem predominância da energia da madeira gosta de alimentos azedos e mais ácidos.
• Quem tem predominância da energia fogo gosta de alimentos amargos.

Não se trata de uma mera vontade simplesmente, mas de uma necessidade do organismo em suprir a falta de um determinado tipo de energia ou de compensar o seu excesso. Por exemplo, se você estiver triste, deverá comer algo do elemento Fogo (alimentos de sabor amargo, como a xila pura, por exemplo), já que o fogo controla o metal, que é o elemento que rege a tristeza. Mas se ficar com excesso do elemento Fogo, deverá ingerir alimento do elemento Água - alimentos salgados - já que a água controla o fogo.

Os cinco elementos estão relacionados aos órgãos e aos temperamentos.
• A energia do coração relaciona-se com a alegria e ansiedade;
• A energia do pulmão relaciona-se com a depressão e a tristeza;
• A energia do fígado relaciona-se com a raiva e o rancor;
• A energia do rim relaciona-se com o medo e o pânico;
• A energia do baço e do pâncreas se relacionam com a racionalização e a preocupação.

Um sobrepõe-se ao outro. O fogo controla o metal, o metal controla a madeira, a madeira controla a terra, a terra controla a água e a água controla o fogo.
Para a Medicina Tradicional Chinesa, todos os seres vivos são dotados de uma energia vital denominada "chi", e o equilíbrio entre as polaridades positiva (yang) e negativa (yin) dessa energia, tem influência directa sobre a saúde do homem e para a natureza. Se o organismo consegue compensar naturalmente o desequilíbrio, nada acontece. Mas, quando esse mecanismo falha, as doenças podem aparecer e a morte significa o cessar da energia "chi".

Os mestres chineses ensinavam que são vários os factores que podem alterar nosso fluxo energético que resultam em doenças e classificavam esses factores em: internos, externos e mistos.

Factores internos:
São os pensamentos, crenças, sentimentos e emoções. Segundo eles, as emoções debilitam determinados órgãos ou sistema, fragilizando-os e o expondo-os às doenças. O stress, preocupação e fadiga mental também têm o poder de alterar a polaridade energética. Qualquer situação que desperte uma emoção intensa, boa ou má, e que exija mudança funciona como um agente stressante. De entre as emoções, a raiva aumenta o calor, que é Yang, já a tristeza é do tipo Yin. Todas as emoções geram algum tipo de reacção no nosso padrão energético. Porém, as emoções só se tornam um factor de desequilíbrio para nossos órgãos internos quando permanecem connosco intensamente por um longo tempo.

Factores externos:

São os acontecimentos do dia-a-dia, o relacionamento com as pessoas e com o meio em que vivemos. As condições climáticas, como o vento frio, por exemplo, aumenta a polaridade yin, para reforçar a energia yang, a resposta orgânica pode ser a febre. Os ferimentos, fracturas, cortes e qualquer tipo de acidente desequilibram a energia vital. Cigarro, bebida alcoólica e todas as demais drogas, permitidas ou não, afectam o equilíbrio energético. Dentre os factores externos, os Mestres Chineses prestavam muita atenção na alimentação, para eles, os alimentos também são dotados de energia vital e interagem com nossa própria energia.

Factores mistos:
Sob esse ponto de vista, não existe doença, mas organismo doente em virtude de tais estados emocionais negativos, assim como não existe o bom médico, mas sim o bom paciente. Dependendo do mal que o indivíduo sofra, a causa está em sua história. "Para cada sentimento negativo, há uma doença. Esse sentimento negativo cria um paladar que o leva a comer o que o vai provocar o desequilíbrio físico. Revertendo-se esse processo, consegue-se a cura".

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